Ao olhar-me não me vejo

Quem é este ser, que por dentro de mim grita em dor?

Tenho a alma em chamas, coração cerrado e mudo,

E o ser já rouco e fatigado, desliza nas paredes brancas

do palácio em gelo que é o meu corpo. 

Ao olhar-me não me vejo,

O espelho da Humanidade a mim não me aquece.

Nesta multidão de não-seres que ali se reflectem,

Não encontro o que a minha alma procura. 

É para isto que nasci? - pergunto-me.

Para ser mais um ser, entre os não-seres?

Vagueando pelas ruas do mundo, 

de olhos vedados e coração mudo?

Não! - grita o meu ser.

- Me